Os incêndios florestais destruíram milhões de hectares de floresta em toda a América do Sul este ano. Da Bolívia ao Brasil, do Peru à Argentina, o continente foi dominado por um dos seus piores temporadas de incêndios em décadas, com o desmatamento e a seca alimentando as chamas.
“A Amazônia não está queimando porque quer queimar, está sendo incendiada. Um dos biomas mais importantes do planeta está sendo destruído”, disse Patricia Gualinga, uma líder indígena Kichwa do Equador, na Semana do Clima em Nova York, em 4 de outubro.
Faltando ainda algumas semanas para a estação das chuvas, a situação ainda pode piorar.
A Bolívia foi a mais atingida, com mais de 7 milhões de hectares (17 milhões de acres) de floresta e vegetação natural devastados no final de Setembro. Isso faz de 2024 o pior ano de incêndios já registrado na Bolívia. O governo declarou desastre nacional em 30 de setembro. Houve três vezes mais incêndios na Bolívia este ano do que nos anos anteriores, devastando a biodiversidade e os territórios indígenas.
O Brasil, que abriga 60% da Amazônia, também enfrenta atividades extremas de incêndio. Dados de satélite da NASA mostram focos generalizados que indicam uma alta probabilidade de incêndio em todo o país, agravada por uma seca severa. Os níveis de água nos rios Madeira e Negro, principais afluentes do Amazonas, estão em mínimos históricos.
No Pantanal brasileiro, a maior área úmida tropical do mundo que também abrange a Bolívia e o Paraguai, mais de 1,3 milhão hectares (3,2 milhões de acres) queimados até outubro, marcando uma das temporadas de incêndios mais destrutivas da história recente. Jaguares (Pantera onca), capivaras (Hidrochoerus hidrochaeris), veado-catingueiro (Mazama vai roubá-lo) e jacarés vermelhos (Jacaré jacaré) eram relatado feridos ou mortos, alguns sofrendo queimaduras e danos respiratórios causados pela fumaça.
O Peru também declarou estado de emergência em seis regiões, à medida que os incêndios se espalhavam por todo o país. No final de setembro, os incêndios mataram 20 pessoas, feriram mais de 160 e queimaram mais de 12.300 hectares (30.400 acres) de vegetação natural. Entretanto, a Colômbia reportou 44.000 hectares (109.000 acres) destruídos por incêndios só em Setembro.
Especialistas ambientais alertam que a Amazônia pode estar se aproximando de um ponto sem retorno, uma vez que o desmatamento e a degradação florestal já afetaram cerca de 25% da floresta.
“As florestas estão secando, tornando-as mais vulneráveis aos incêndios”, Marlene Quintanilla, diretora de pesquisa da Fundação Amigos da Natureza (FAN) Bolívia disse à Mongabay Latam. Os incêndios, acrescentou ela, estão a transformar a floresta tropical numa paisagem propensa a incêndios, com danos irreversíveis iminentes.
O Paraguai e a Argentina também enfrentam incêndios florestais na savana do Chaco, a segunda maior floresta da América do Sul depois da Amazônia. Mais de 181.000 hectares (447.000 acres) de floresta foram queimados no Paraguai, enquanto a província argentina de Córdoba declarou emergência ambiental depois que 40.000 hectares (99.000 acres) foram consumidos pelas chamas.
Imagem do banner: Bombeiro no Pantanal brasileiro combatendo chamas à noite em setembro de 2024. Imagem cortesia de Álvaro Rezende/Governo do estado de Mato Grosso do Sul.