Morto em 29 de setembro de 1908, Machado de Assis volta e meia ressurge. Seja em fotos inéditas encontradas por pesquisadores, em notícias do passado, ou até mesmo branco como no comercial da Caixa Econômica Federal em 2011. A última aparição do Bruxo do Cosme Velho, no entanto, é talvez a mais impressionante de todas: um avatar do escritor desenvolvido por Inteligência Artificial, que responde perguntas.
Desenvolvido pela empresa Euvatar Storyliving, o Machado redivivo aparece envelhecido em relação às suas imagens clássicas e fica em um totem bem em sua casa — isto é, na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro. Ali, na instituição que fundou e da qual é o mais ilustre dos imortais, o autor de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” atenderá ao público toda quarta-feira, durante a visita guiada da entidade.
O repertório intelectual da máquina foi montado por profissionais da própria ABL, a partir de uma ampla pesquisa envolvendo as obras do autor e estudos sobre ele. Mais de um milhão de palavras alimentam a sua inteligência.
Em conversa com o jornal O Globo, o Machado IA respondeu à pergunta que todos se fazem há tantos anos. “Afinal, Capitu traiu ou não traiu?”. — “Eu, como autor, deixei a dúvida no ar por meio do narrador Bentinho, que suspeita da traição de Capitu. A veracidade desse evento é deixada à interpretação do leitor, tornando-se parte da genialidade da obra o fato de que a resposta permanece subjetiva. Portanto, a questão de se Capitu traiu ou não Bentinho permanece um mistério aberto a diferentes pontos de vista e análises”.
O fato é que não parece muito Machado falando. Falta humor e estilo.
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