Na última segunda-feira (6), o telefonema entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, movimentou o cenário da diplomacia mundial, já que a relação entre os dois líderes estava em crise. No contato, os dois chefes de Estado trocaram “telefones pessoais” para “estabelecer via direta de comunicação”.
Em entrevista exclusiva à TV Mirante, o presidente Lula disse que ele e Trump “não precisam de intermediário para fazer coisas boas para o Brasil e para os Estados Unidos”. Mas, como funciona o protocolo para a ocorrência de uma ligação oficial entre dois chefes de Estado?
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Conforme apurado pelo G1, segundo auxiliares do Palácio do Planalto e diplomatas, para que ocorra um telefonema formal entre presidentes existe uma espécie de protocolo de negociação. E, no dia da ligação um roteiro deve ser seguido.
Via de regra, a ligação passa pelos seguintes trâmites: o primeiro ponto é que um dos lados deve manifestar o desejo de conversar e se houver interesse da outra parte, começam as tratativas com as assessoriais presidenciais.
A pauta da ligação precisa ser analisada e pode ser ajustada. As assessorias presidenciais fazem os primeiros contatos e uma data para a conversa é definia conforme as agendas dos presidentes.
O telefonema oficial em si pode ocorrer dias, semanas ou até meses após o início da negociação. Mas, esse tempo pode ser reduzido se houver alguma proximidade entre os presidentes e dependendo da urgência do tema.
Como ocorre a ligação?
Na data da ligação, quem pede a ligação inicia a conversa. Depois, passa a palavra para outro lado. Há intérpretes na ligação para traduzir o que está sendo dito. No caso de Lula e Trump, por exemplo, nem o presidente brasileiro fala inglês, nem o norte-americano fala português.
No Brasil, as ligações podem ser feitas do Palácio do Planalto ou do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente brasileiro. As conversas oficiais podem ser por telefonema ou videochamada e ocorrem em um local chamado “sala de situação”.
Na conversa, além dos dois presidentes e tradutor, participam também chanceler, e, eventualmente, ministros envolvidos no assunto.
Caso de Lula: presidente não tem telefone
No caso do presidente do Brasil, Lula não tem um celular particular e o contato repassado a Donald Trump foi o do embaixador Fernando Igreja, chefe do cerimonial do Palácio do Planalto.
Interlocutores de Lula afirmaram ao G1 que o telefone repassado por Trump também foi o de um assessor muito próximo ao presidente norte-americano.
No Brasil, é comum que contatos desse tipo ocorram com ligações feitas a partir de telefones de assessores pessoais ou ajudantes de ordem, que acompanham o dia a dia do presidente.
A ligação de segunda-feira foi a primeira conversa de Lula e Trump por telefone, desde a eleição do americano, que ocorreu no final de 2024.
O Ministério das Relações Exteriores e o Palácio do Planalto atuaram nos bastidores junto à Casa Branca e ao Departamento de Estado para que o contato entre os dois presidentes acontecesse.