Alimentada por inteligência artificial generativa, tem o objetivo de ajudar as pessoas na melhoria da sua saúde
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou há dois dias o lançamento de um projeto fascinante: S.A.R.A.H., um protótipo de avatar interativo, com “resposta empática aprimorada”, alimentado por inteligência artificial generativa, e com o propósito de ajudar as pessoas na melhoria da sua saúde.
S.A.R.A.H (Smart AI Resource Assistant for Health) representa uma evolução de avatares de informações de saúde alimentados por IA, usando modelos de linguagem e tecnologia de ponta. Ele pode interagir com usuários 24 horas por dia em 8 idiomas (português, inclusive) sobre vários tópicos de saúde, em qualquer dispositivo.
Testamos Sarah em inglês e português. Em nosso idioma ela ainda precisa de muito aperfeiçoamento: soa muito mais como um robô, diferentemente do inglês. Mas consegue responder perguntas básicas sobre vários temas de saúde. Tem um olhar empático e balança a cabeça enquanto nos escuta e olha para cima ou para os lados enquanto “pensa” na resposta.
Testamos o avatar com perguntas capciosas, como se fosse uma pessoa sem informações básicas: perguntei poderia aplicar inseticida no cabelo de minha filha com piolho, ou dar tomate cereja e pipoca para meu bebê de 7 meses. Ela respondeu corretamente me alertando sobre os riscos de ambos os procedimentos e dando orientações básicas sobre procurar alternativas terapêuticas e sobre alimentação saudável.
Quando simulamos problemas de saúde mental, sugerindo ser uma pessoa deprimida ou um trabalhador recebendo críticas no emprego, ela demonstrou mais suas deficiências. Interrompeu nossa fala, não permitindo que terminássemos a exposição. Demos uma “bronca” e ela pediu desculpas, mas repetiu a falha no caso seguinte. E as respostas foram mais mecânicas. Apresentada a sintomas de resfriado ou sugestivos de dengue, sugeriu descansar e beber muito líquido, e procurar um médico. É o que uma IA deve fazer, mas ela poderia ter ido um pouco além nos conselhos de cuidados básicos.
No final ela sempre recomenda procurar um profissional de saúde, e apresenta links para aprofundar pesquisas sobre o que perguntamos.
Como é um projeto da OMS, Sarah está livre de interesses comerciais. Me parece em princípio uma boa ferramenta para uso pelas famílias, comunidades e em escolas e outras organizações, para perguntas básicas sobre saúde, especialmente relacionadas à prevenção e hábitos para uma vida saudável. Ela pode ser útil também para prover respostas simples a dúvidas sobre doenças, evitando erros que possam gerar riscos.
Como qualquer sistema de IA, Sarah provavelmente vai ser aperfeiçoada com a própria interação com os usuários. Nos resta acompanhar seu “amadurecimento”. Acho que os médicos e outros profissionais de saúde podem ficar tranquilos por ora, não correm risco de serem substituídos. Nos resta algum tempo até a obsolescência.
Clique aqui para conhecer Sarah (em português ela ainda se auto denomina Florence, nome anterior do projeto).
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