Só o povo organizado tem condições de garantir o exercício dos governos populares na América Latina
O dia 26 de junho de 2024 marca mais um episódio da história dos mais de 100 golpes, desde a independência da Bolívia. Na América Latina, se a democracia abarca projetos populares, não interessa a sua manutenção aos setores dominantes. Sem nenhum pudor, se articula abertamente um golpe de Estado. Nunca existiu qualquer compromisso democrático com a extrema direita.
No dia 24 de junho, o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia denunciou em nota pública, a interferência dos Estados Unidos em assuntos internos do país. A encarregada de negócios dos Estados Unidos, Debra Hervia, foi convocada por desrespeitarem as normas do direito internacional que violam as relações diplomáticas.
No caso da Bolívia, o golpe é impulsionado pelo país possuir a maior reserva de lítio no mundo. Aproximadamente 23 milhões de toneladas, concentradas na região de Uyuni. Trata-se de um mineral fundamental nesta etapa do capitalismo, pois serve para a fabricação de baterias de diversos eletrônicos como celular, computador e, inclusive, carros elétricos. Com a valorização dos produtos provenientes do lítio no mercado internacional, os Estados Unidos tentam controlar a produção para evitar a concorrência de China e Rússia. No entanto, tanto a Rússia (através da empresa Uranium One Group), quanto a China (pelo consórcio CBC) possuem acordos com a Bolívia para executar e ampliar o seu plano de industrialização baseado na extração do lítio. O controle da produção continuará com a Bolívia.
Cabe destacar que a Bolívia é o único país da região em que o lítio é nacionalizado. O processo de nacionalização, assegurado pela Constituição de 2009, é o que garante os recursos para saúde e educação no país.
Em 2019, ocorreu um golpe militar na Bolívia e, em 2024, uma tentativa de golpe que também perpassa motivações similares. O que se pretende é impor, independente de qualquer coisa, uma agenda neoliberal de poder, que hoje ampara projetos políticos que são constituídos por pilares de extrema direita, próprios do fascismo.
Esta não é a primeira e não será a última tentativa de golpe na Bolívia. Só o povo organizado e articulado tem condições de garantir o exercício dos governos populares na América Latina.
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