A Cúpula de Líderes da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA), começa nesta quinta-feira (6), com a presença de chefes de Estado, mas sem a participação dos Estados Unidos. Para o coordenador de Política Internacional do Observatório do Clima, Cláudio Ângelo, essa ausência escancara um impasse histórico.
“Nesses 33 anos, os EUA tiveram um papel construtivo nos quatro anos do segundo mandato do (ex-presidente Barack) Obama. Todo o resto do tempo, a humanidade teve que lidar com os Estados Unidos em uma posição de obstruir qualquer progresso”, observou, em entrevista ao Conexão BdFsim Rádio Brasil de Fato.
Ele avalia que a reeleição do presidente Donald Trump elimina expectativas de liderança climática por parte do país. “Agora o mundo já entendeu que não dá para contar com os Estados Unidos. O que quer que façamos sobre mudança do clima, vamos ter que fazer apesar dos Estados Unidos, e não mais implorando pela liderança americana”, avaliou.
Às vésperas do início da Cúpula de Líderes, ele também afirma que os principais desafios da conferência não estão formalmente na pauta, mas precisam orientar as negociações. Durante a entrevista, ele destacou especialmente a urgência em enfrentar a insuficiência das metas nacionais de redução de emissões de gases carbônicos e de estabelecer um calendário global para a transição energética.
“A primeira (coisa que precisa ser debatida) é como fazemos para responder à absoluta insuficiência das metas nacionais dos países, as NDCs”, pontuou. Um relatório divulgado nesta semana pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente apontou que há um “buraco de 23 bilhões de toneladas de CO2” entre o que o mundo pode emitir até 2035 para manter o aquecimento dentro de 1,5°C e o que as políticas atuais realmente entregam. “Belém precisa começar a dar uma resposta política a essa insuficiência”, defendeu.
O outro ponto central, segundo Ângelo, é enfrentar diretamente a dependência global de petróleo, carvão e gás. “Estamos falando aqui simplesmente da causa da mudança do clima”, disse. Ele lembra que o mundo já concordou com uma transição “justa, ordenada e equitativa” para longe dos fósseis, mas ainda sem prazos ou responsabilidades definidos. “Quem vai primeiro, quem faz o quê, isso tudo precisa ser definido e não tem nenhum debate internacional hoje sobre como tratar essas definições”, criticou.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98,9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.









