A juíza Ana Carolina Rauen Lopes de Souza, do Tribunal do Júri – 1º Sumariante da Comarca de Belo Horizonte, classificou como “tumulto processual” a constante troca de advogados do empresário René Nogueira Júnior, que assassinou um gari a tiros, no início do mês.
A declaração foi feita nessa quarta-feira (27), em despacho destinado à equipe de defesa de René. Desde que foi preso, no dia 11 de agosto, o suspeito trocou de advogados três vezes, com o mais recente deles admitido nessa segunda-feira (25).
No mesmo despacho, a magistrada ordenou que o réu informe “expressamente” sua defesa técnica ao Ministério Público de Mingas Gerais (MPMG) até esta sexta-feira (29). As informações foram publicadas pelo portal Itatiaia.
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Entenda o ‘tumulto’ citado pela juíza
Inicialmente, René Nogueira Júnior era representado por um time de defesa mineiro, que abandonou o caso alegando “motivos de foro íntimo”. Depois, o posto foi assumido por Dracon Cavalcanti Lima. No entanto, na segunda-feira, Lima descobriu uma nova troca de defensores do empresário nos sistemas da Justiça. Trata-se de Bruno Silva Rodrigues, advogado do Rio de Janeiro, conforme o g1.
Os dois últimos advogados foram citados em uma carta escrita pelo suspeito, a próprio punho, na cadeia. O documento foi divulgado nessa quarta-feira. “O que aconteceu foi um acidente com a vítima e me sinto bem representado, tanto pelo Dr. Dracon, como pelo Dr. Bruno Rodrigues. Tenho certeza que resolveremos esse mal-entendido”, diz o texto.
Esposa do empresário é afastada da Polícia
A esposa de Renê, a delegada Ana Paulo Lamego Balbino Nogueira, foi afastada das atividades da Polícia Civil de Minas Gerais por 60 dias. O empresário disse às autoridades que utilizou a arma de trabalho dela para assassinar o gari. Ela também foi dispensada do Comitê de Ética da Polícia mineira, conforme divulgado pelo O Globo nesta quinta-feira (28).
O afastamento foi publicado no Diário Oficial do Estado no último sábado (23), 10 dias após o primeiro pedido para licenciar Ana Paulo do trabalho. No texto, o afastamento da delegada foi justificado em razão de um “tratamento de saúde”.
“Conforme publicado no Diário Oficial, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que foi concedida à servidora licença médica de 60 dias para tratamento de saúde, nos termos da lei”, disse a Polícia Civil de Minas Gerais, em nota ao O Globo.
Renê afirma que a esposa não teve envolvimento no delito. A delegada foi ouvida pela Corregedoria e se tornou alvo de investigação. Ela não estava presente quando o crime aconteceu.
Relembre o caso
A vítima estava em serviço no momento do crime, a manhã do último dia 11 de agosto. Segundo a Polícia, o empresário atirou em Laudemir após discutir com a motorista do caminhão de lixo. Renê exigiu que fosse liberado espaço na rua para que ele pudesse passar de carro, um veículo elétrico do modelo BYD.
Após a discussão, o empresário desceu armado do carro e disparou contra Laudemir. O gari foi socorrido, mas faleceu no hospital. Segundo relato da motorista do caminhão de lixo, identificada como Eledias Aparecida Rodrigues, Renê demonstrou pressa e chegou a afirmar que “daria um tiro” no rosto da mulher.
Após a ameaça, ele teria descido do carro e mirado nos garis que tentavam pedir calma diante da situação. Eledias explicou ter visto todo o crime por meio do retrovisor do caminhão. “Ele vai atirar, ele está armado”, contou ela sobre o que teria dito antes do disparo que atingiu Laudemir.
“Ele se irritou porque o trânsito ficou agarrado e não poderia passar no momento que ele queria, porque o carro dele é um carro grande. Os carros populares menores passaram e ele teve que esperar”, disse a motorista.