Em um gesto de amor e solidariedade, Caroline Tavares, de 31 anos, decidiu cortar o cabelo e transformá-lo em uma peruca para presentear a madrinha dela, Neide Terezinha da Silva Tavares, de 58 anos, diagnosticada com câncer de mama. A iniciativa aconteceu em 2021, mas só agora as imagens viralizaram nas redes sociais. Para Caroline, a homenagem significou também a superação de traumas do passado; para Neide, o gesto foi um símbolo de apoio e esperança durante o tratamento.
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Caroline, influencer de Gaspar, Santa Catarina, descreve sua relação com a madrinha, agente de saúde em Blumenau, como de “mãe e filha”. “Ela teve um papel muito importante na minha infância, sempre muito carinhosa. Tenho lembranças lindas dela cuidando dos meus cabelos”, recorda. Essa proximidade tornou o diagnóstico um baque para toda a família. “Jamais imaginaríamos que justamente ela passaria por isso. Ela e meu dindo sempre levaram uma vida super regrada”, diz Caroline.
O gesto de amor
Legenda:
Foto:
À esquerda, Neide aparece usando A peruca que ganhou de sua afilhada; à direita, a afilhada segura o cabelo natural utilizado na confecção da peruca
Reprodução/Arquivo pessoal
A ideia de doar os cabelos surgiu logo após Caroline saber do diagnóstico, em julho de 2021. “Na hora já disse para o meu dindo o que eu iria fazer, mas acho que ele nem acreditou muito. Esperei algumas semanas, mas fiz um acordo comigo mesma: quando ela raspasse a cabeça, eu cortaria o meu”, conta.
Quando recebeu pelo grupo da família uma foto de Neide careca, Caroline não pensou duas vezes: marcou um horário com uma cabeleireira de confiança e cortou 38 centímetros de cabelo. O material, 168g ao todo, foi enviado a uma empresa especializada para a confecção de uma peruca, custeada por familiares. Durante 15 dias, Caroline guardou segredo absoluto.
Ela jamais imaginaria, sabia do meu apego com o cabelo, do bullying que sofri na infância por usar cabelo curto, do trauma que eu tinha até de cortar só as pontas
Ao entregar a peruca para Neide, Caroline ficou sem palavras. “Quando cheguei e vi ela magrinha, de turbante, anêmica… fiquei estarrecida. Entreguei a embalagem e ela já percebeu que eu tinha cortado o cabelo. Me perguntou e eu não consegui dizer uma palavra, só chorei. Ela nem entendeu de imediato; só caiu a ficha quando colocou a mão e percebeu que era uma peruca”, relata.
Para Neide, o gesto da afilhada significou um sopro de vida no meio do tratamento. “Quando a gente passa por isso tudo, é um milhão de coisas que passam na cabeça da gente. A gente aprende a valorizar mais a vida, a alimentação, a família” diz ela.
O diagnóstico e a remissão
A desconfiança que poderia ser neoplasia maligna veio após o autoexame de toque, uma prática importante para a identificação de possíveis alterações nas mamas. Este exame permite que mulheres além de conhecer o próprio corpo possam detectar nódulos ou outras anomalias na mama.
Neide começou o tratamento em agosto de 2021, pouco tempo depois do diagnóstico, a agente de saúde passou pelos tratamentos de quimioterapia e radioterapia, o que dá sentido à perda do cabelo.
O tratamento é muito dolorido, a base de agulhas, a semana toda. Muitas pessoas desistem porque é muito difícil. Mas graças a Deus eu tive uma família boa, ganhei força de todos. Eu queria viver pela família que eu tenho
Hoje, Neide está em remissão da doença e recuperada. Caroline compartilha que a madrinha está ótima, e mesmo que o câncer só esteja em remissão, para a família, ela está curada. A experiência, por mais difícil que tenha sido, deixou lições duradouras aos familiares.
É valido lembrar que neste mês começa a campanha mundial do outubro rosa, campanha que visa a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama, exames como o autoexame de toque e mamografia ajudam no diagnóstico da doença.
Estagiários sob supervisão de Geovana Rodrigues*









