O primeiro debate antes do segundo turno entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, promovido pela Band na noite desta segunda-feira (14), foi marcado por críticas à gestão de Ricardo Nunes (MDB) e troca de acusações, seguindo o tom dos debates anteriores ao primeiro turno. O candidato oposicionista Guilherme Boulos (Psol) propôs ao prefeito que ambos abrissem o sigilo bancário para a população, levantando a suspeita de que Nunes tenha recebido recursos indevidos.
“Você abre seu sigilo bancário para gente para ficar claro. Podemos fazer esse trato aqui hoje no debate. As minhas contas são uma questão de transparência”, disse Boulos. Nunes alegou, em resposta, que as suas contas já estão abertas, mas não se comprometeu com a proposta do psolista.
Os pedidos para a abertura dos dados bancários vieram acompanhados de acusações de relação com o PCC e de investigações por supostos desvios de recursos das creches de São Paulo durante a gestão de Nunes. No penúltimo bloco, Boulos questionou também a indicação de Eduardo Olivatto para a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Siurb). Ele é irmão de Ana Maria Olivatto, ex-companheira de Marco Willians Herba Camacho, o Marcola, líder do PCC preso desde 1999.
O primeiro debate entre do segundo turno das eleições em São Paulo deveria ter ocorrido na última quinta-feira (10). No entanto, Nunes não compareceu ao evento promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico junto à rádio CBN. Com isso, o que deveria ser um debate se transformou em uma sabatina com Guilherme Boulos (Psol).
No debate desta segunda, o modelo de embate direto do primeiro bloco deu espaço a um tom de animosidade entre os candidatos, que permaneceu ao longo dos outros três blocos. De um lado, o candidato do Psol lançou duras críticas sobre Nunes, colocando o atual prefeito na defensiva.
Apagão em São Paulo
Outro tema amplamente debatido entre os candidatos foi o apagão em regiões da cidade de São Paulo. Bulos responsabilizou Nunes pela falta de energia no município desde a última sexta-feira (11), quando um forte temporal atingiu parte da área concedida à Enel, responsável pela distribuição do serviço na cidade.
De primeira, Boulos questionou por diversas vezes de quem é a responsabilidade pela poda de árvores. “A poda de árvore é responsabilidade da prefeitura. É o básico. Você que está assistindo em casa, que ligou para 156 pedindo remoção de árvore, você acha que ele (Nunes) fez o trabalho dele? Ele está dizendo que contratou tantos, botou tantos. Você está se sentindo satisfeito quando você liga para 156 para fazer o pedido de poda ou remoção de árvore?”, questionou Boulos.
Em resposta, Nunes afirmou que é função do município, mas que, devido à energização de fios soltos sobre as árvores, a Enel precisa agir no lugar da Prefeitura em alguns casos. “Nós temos seis mil podas que estão pendentes, porque são árvores que estão encostadas lá com os fios. Tem árvores que ainda estão atrapalhando o trânsito, atrapalhando o corte por parte da prefeitura, porque a Enel não vai lá desligar. Eu lamento, eu quero a Enel fora daqui”, disse o prefeito.
“A chuva e a ventania de sexta-feira foi de menos de uma hora. Em São Paulo ficou mais gente sem luz do que na Flórida, com o furacão Milton. Então não adianta dizer que o problema é do vento, que o problema é do Lula, que o problema é de não sei quem. Assuma as responsabilidades”, afirmou Boulos.
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No segundo bloco, os candidatos responderam às perguntas de jornalistas e não entraram mais em embate direto. Ainda assim, as críticas entre ambos permaneceram. Nunes destacou o alto índice de rejeição de Boulos captado por pesquisas de intenções de votos.
De acordo com levantamento do Datafolha divulgado no último dia 10, o candidato do Psol tem 58% de rejeição entre os paulistanos, enquanto Nunes tem 37%. A sondagem também mostrou que o atual prefeito tem 55% das intenções de votos, enquanto Boulos aparece com 33%.
“As pesquisas fizeram mal para o Guilherme Boulos, que está muito longe, e eu estou muito na frente. Com a rejeição dele, de mais de 50%, ele entrou agora no modo desespero”, disse Nunes. Em resposta, Boulos chamou o atual prefeito de “arrogante”. “O Ricardo Nunes mostra que um prefeito pode ser fraco e, ao mesmo tempo, arrogante. Olha o tamanho da arrogância dele porque está na frente de uma pesquisa. Ele sobe no salto, acha que já ganhou”, respondeu Boulos.
Edição: Nicolau Soares