SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O número de mulheres que denunciaram homens que conheceram no forró por situações como exposição de imagem sem consentimento e assédio chegou a 24.
Os relatos foram recebidos pela bancada feminista do PSOL na Assembleia Legislativa de São Paulo, que encaminhou 12 delas para o Ministério Público Federal. A Procuradoria, por sua vez, solicitou que a Polícia Federal abrisse um inquérito policial para investigar o caso.
A Folha de S.Paulo apurou que a PF entrou em contato com as deputadas no fim da semana passada e solicitou mais informações sobre o caso. Em nota, o órgão afirma que não comenta eventuais investigações em andamento.
Dos 24 relatos recebidos até agora, dez se referem a vazamento de imagens íntimas e os demais estão relacionados a assédios durante a dança, perseguições e agressões. De acordo com a bancada do PSOL, as denúncias têm aumentado nas últimas semanas.
O caso foi divulgado pelo G1 e publicado pela Folha de S.Paulo, na semana passada. Segundo as reportagens, participantes de dois grupos do Telegram são apontados por espalharem imagens e vídeos de mulheres que conheceram em festas de forró e depois mantiveram relações com eles.
Os relatos já circulavam nas redes sociais desde fevereiro. Em meio às denúncias, ativistas filiadas ao PSOL e frequentadoras das casas de forró buscaram a bancada feminista para lidar com os casos. Em nota, o partido disse que há indícios de que essa rede criminosa atue há anos e, possivelmente, de forma coordenada internacionalmente -ao menos um caso aconteceu na Itália com uma brasileira.
“Foram recebidas 12 denúncias, que relatam que os grupos atuam como verdadeiras redes de predação sexual, violando a privacidade e a dignidade das mulheres. Práticas como o registro sem autorização de vídeos e fotos íntimas, que são posteriormente compartilhados e vendidos”, diz o partido.
As vítimas descrevem que conheceram os homens em diferentes casas e tiveram relações sexuais depois, em outros lugares. As relações foram gravadas, e as imagens, divulgadas nos grupos sem consentimento.
Uma delas afirma que soube da prática por meio de um homem que trabalhava em uma dessas casas, foi incluído no grupo e decidiu alertá-la sobre o conteúdo. Em outro caso, uma mulher diz ter visto o próprio vídeo circulando em grupos, e uma terceira notou o parceiro a fotografando durante a relação.
A Folha de S.Paulo conversou com duas vítimas, que concordaram em relembrar seus casos em condição de anonimato. Ambas compartilham traumas parecidos, apagaram contas nas redes sociais com medo de retaliação e se sentem sem saída.
Elas relataram que enfrentaram problemas no trabalho, consequências psicológicas e medo.